sábado, 12 de novembro de 2016

O moço garboso

Há dois dias atrás eu estava toda pomposa no ponto de ônibus esperando a minha irmã com um chuvisco poético caindo de fundo quando apareceu um homem lindo, todo engomado, de social, tão garboso e bonito que até a minha miopia enxergou de longe.
Ele estava segurando um buquê de flores, olhou na minha direção e veio num passo firme, passando pelas várias pessoas que também estavam no ponto. Super olho no olho. Eu até estava tentando me lembrar se o conhecia de algum lugar.
Pensei em todas as coisas incríveis que ele podia dizer ou fazer quando chegasse até mim. E eu sabia que ele chegaria até mim. Das coisas incríveis que ele poderia dizer, pensei inclusive em "quer casar comigo?" - e eu não ia conseguir negar.
Se ele quisesse a senha do meu cartão e até o final do meu rímel favorito que estava acabando e eu ando ridicando para mim mesma para durar mais, eu dava. Não acho que ele fosse enriquecer muito com o que a senha do meu cartão dá acesso e os cílios dele estavam perfeitos já sem o rímel, mas era esse o nível de compartilhamento que eu fiquei instantaneamente disposta.
Aí ele chegou perto, parou, exalou seu perfume igualmente garboso e disse (com aquele sorriso muito fofo):
"Licença? Você saberia dizer como faço para chegar ao metrô da linha azul?"

Fim.
Sim.
Foi só isso dessa vez.

Lição do dia: nem todos os dias acontecem coisas "doidas", ilógicas, mágicas e atípicas. Às vezes as pessoas só querem saber como chegar na linha azul do metrô. Às vezes as coisas são normais e muito lógicas. Principalmente quando a gente quer que elas sejam doidas!

Escrito em abril  de 2015